domingo, 21 de junho de 2020

"Bole, bole, bole, bole."

Aqueles passos...
Depois daquela curva do arrepio
Todo ano , por muitos anos tem molejo,
Traquejo , beleza e desafio.
Secular dança que parece que a perna embola
Faz que cai e só balança 
Risca chão de salto alto 
Gira dos pés à cabeça
Quadril de mola.
Herança de tempo de pés só no chão
Coisa de gente preta
Chama pro riscado,
Qualquer batucada e palma da mão.
Acha em tudo que é canto e quintal do Rio de janeiro
Celebração que tá em época o ano inteiro
Se mostra com holofotes pro mundo,
Nos idos de fevereiro
Vez ou outra estica o prazo
Daí a catarse vem em março
Ah! Aqueles passos...
Desde criança se manifesta tal alegria
Na procissão negra da avenida
Carregada de africanidades
Em coletivo unissex
E em solene majestade.
“Que dança é essa, que o corpo fica todo mole?”
Não é uma dança nova, não zomba da História,
Respeita, admira e se quiser,
Bole, bole, bole, bole, bole...

Memento mori et carpe diem!