sábado, 25 de agosto de 2012

Monossílabomania

Diferente do título deste pensamento a linguagem nacional vem ficando cada vez mais econômica de letras e fonemas com reflexos relevantes na grafia. O "cê tá ", "pá mim" e o " coé lequi" são os carros chefe dessa, porque não escrever, involução.

Sabemos que há um bombardeio de fatos que se propagam aos milhões em milésimos de segundos, vá lá que o tempo não pára em nenhum momento, mas mesmo algo tido como efêmero há tempos atrás tinha mais densidade que várias informações tidas como completas agora.

Houve gerações " punidas" por abrevios sob acusação de haver preguiça de falar, filhos e netos de quem tinha que fazer de tudo e principalmente falar, bem explicadinho, para que fossem atendidos. Com o passar do tempo, que aqui repito não pára nunca, aliado a uma gama de adventos, que minimizaram tudo em inacreditável velocidade maior que a do próprio, foram formadas novas pessoas minimalistas em várias áreas e no quesito fala.

Alegando-se tratar de regionalismos ou modismos etários, mais conhecidos como gírias, as poucas letras e fonemas foram ficando até se instituirem aceitáveis grafias e sairem do status de dialétos para idioma. Corrobora com o exposto um desenfreado, crescente e contínuo estrangeirismo invasor com suas línguas pobres e consequentemente menos pensantes a título de uma maior fluência, que resulta na perda do fio da meada se fala-se e escreve-se economicamente porque assim se pensa, por descaso ou por esses dois motivos simultaneamente.

Fato é que dessa maneira estamos nos aproximando diariamente de um regresso triunfal às inscrições rupestres.Noves fora o dispendio nos processos criativos e os apectos lúdicos atraledos, celebramos efusivamente muxoxos e interjeições apresentadas como geniais composições, qual eremitas.

Essa direção nos guia a sermos sem espanto e questionamentos quadrúpedes novamente, capazes de considerarmos obras seculares ou milenares e um reles texto como este meras conclusões que não têm " lé com cré".


Memento mori et carpe diem!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Na espuma das ondas.

Reivindicações mal arquitetadas angariam pessoas que assumem movimentos mais por força da maré do que das convicções.
Todos a reboque e iludidos por acharem estar por cima de tudo, qual espuma de onda rumo a arrebentação.
Estar nessa posição quase sempre não se permite ter os pés no chão e se em meio a mar revolto tem trajeto turbulento e abruptamente acabado.
Agigantam-se em presenças físicas e no entanto inversamente proporcional em pensamentos.
Chegam em alguma porção de terra mais agoniantes e barulhentas que pousos forçados.
Molhando, sujando e derrubando quem nada tem a ver com o reivindicado.
Provoca em quem não se sujeita dar de ombros ou as costas.
Pois há bem mais faltas com que se preocupar.
Em tempo simultâneo e quase abafado, oportunamente, dirigentes bolam mais um mordomo para mais uma vez ser culpado, do que os próprios e os seus estão sendo julgados.
Sempre nenhum resultado.
Mas isso é só mais uma mossa nova, isso é muito natural.


Memento mori et carpe diem!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Não nos basta.

Não nos basta ver, temos que crer.
Não nos bastam sonhos, sem realizações.
Não nos basta promessa só como dívida.
Não nos basta falatório ermo.
Não nos bastam alegrias efêmeras as custas de tritezas perenes.
Não nos basta somente a idealização de uma cura.
Não nos bastam os mitos e lendas.
Não nos basta anuviar e ridicularizar serenidade e candura.
Não nos bastam hinos.
Não nos bastam datas comemorativas e feriados.
Não nos basta beleza imposta.
Não nos basta figuração política.
Não nos basta inversão de valores.
Não nos basta invenção de enigmas.
Não nos bastam obstáculos.
Não nos basta sermos boas pessoas, temos que a cada minuto mostrar isso.
Como se não bastasse isso tudo,
Não nos basta satisfação com todo esse sadismo generalizado.
Senão não nos bastará até mesmo terra fértil, promissora e em estado eterno de bonança.


Memento mori et carpe diem!