sábado, 17 de janeiro de 2015

Cá óticas.

Minha prudência me faz quase sempre em tempos turbulentos me pôr dois passos para trás e em busca de um plano pouco mais alto de modo a tentar enxergar mais amplamente os veios, meandros e entrelinhas das situações. Começamos este ano de 2015 a 2015 por hora em ordem mundial mais precisamente em seu sétimo dia. Não, não foi um sétimo dia para descansar e mais uma vez a bola da vez foi o tal terrorismo, porém desta vez o que me chamou mais a atenção foi a apropriação do entendimento e condenação dos fatos e atos.


Muito me consternou, perdoem-me a franqueza, mais até que o próprio terrorismo em questão, as presenças de certos chefes de Estado no mural das lamentações em 11 de janeiro deste ano, como a de Vladimir Putin, por exemplo, que em seu país abertamente abomina e massacra gays e faz vista grossa aos manifestos claramente racistas contra negros sem qualquer cerimônia, bem como o descaso impressionante dos líderes enfileirados e também das sociedades com o massacre terrorista do grupo Boko Haram, concomitante na Nigéria e a personificação na França e mundo a fora em massa em Charlie Hebdo.


Vejam bem, nada, nada justifica as execuções sumárias ocorridas em Paris e realmente trata-se de algo repugnante, mas quem vive de espezinhar os cotidianamente espezinhados e de forma desrespeitosa fica à disposição de sofrer julgamentos fatais vindo de qualquer viés religioso e ou social que exista. Novamente, não coaduno com o desfecho realizado, mas quem provocou a ocasião, da forma que provocou, sabia perfeitamente o que poderia acarretar e por isso, de novo, só por isso e jamais a favor dos crimes, não sou Charlie, sou Rodrigo e celebro nada disso ser oriundo e tampouco ter chegado de tal forma aqui!


Cá, entre nós, programas jornalísticos de abrangência nacional e internacional semanais, dedicaram quase que 80% dos seus tempos de veiculação a se solidarizar com muitas consternações hipócritas também sem darem as devidas notoriedades a outras atrocidades globais e pasmem, locais simultâneas  e corriqueiras anos após anos.


Começamos o ano nos grandes centros aqui do Brasil, com sensações térmicas de " 2015" graus centigrados nas moleiras e de forma mais uma vez ineficaz e inoportuna ou não, como preferirem, nosso sistema de energia se mostrou insuficiente, arcaico e incompleto e a atitude tomada por autoridades no assunto foi conseguir o aval para mais dois aumentos  e politicamente recebemos as diretrizes de um novo racionamento repaginado, com o critério de bandeiras verde, amarela ou vermelha, conforme faixas de consumo, passíveis de reajustes consideráveis e ou queda significativa de fornecimento.


Programas sociais reajustados para baixo, embora houvesse em plataforma política de corrente vencedora garantia da imutabilidade dos mesmos, impostos, multas e taxas de juros para cima, aliás essas últimas passaram a tornar o sonho da casa própria em ilusionismo para o trabalhador comum, maioria da nossa sociedade, e tudo isso para prover a gestão dos quase 4 trilhões de Reais do orçamento da nossa União gastos com seus excessivos 40 ministérios e seus cargos comissionados majoritariamente desnecessários!


Caso seja um jornalista carioca e queira abstrair disso tudo e falar de futebol e criticar a estrutura pífia e falida do campeonato estadual do lugar, cuidado, seu jornal poderá ser multado em R$ 50 mil ou apenas R$ 25 mil em caso de retratação, quanta liberdade de imprensa há por aqui?!
Por aqui o terrorismo é ditado pela A.D.A, PCC, CV, PSDB, PT, PTB, PP, PMDB, PC do B, PSB e PV. Não que eu creia que alguma sigla não citada esteja de fora, creio que esteja sem a oportunidade de o fazer!


Mas estamos à beira de uma manifestação de histeria, transe, amnésia coletiva chamada carnaval, onde tudo vai bem embora esteja tudo mal e que ouso cravar que se não houver alguma nova comoção, terá como vedete da vez máscaras de Charlie Hebdo, sem filtros, sem focos e sem ajuste de óticas!


Você quer mudar Ô ou DE país?!


Memento mori et carpe diem!